Roteiro 3 e 4

A religiosidade e o comércio como marcas de um povo

Catedral Metropolitana de Fortaleza

Ao contrário do que se imagina, a Catedral Metropolitana de Fortaleza não foi construída da maneira como está hoje. Foi feita em estilo gótico romano ou gótico moderado e inaugurada em 1978, depois de 40 anos em construção. Ela ocupa grande parte da Praça Pedro II, com capacidade para cinco mil pessoas. O templo destaca-se pela imponência arquitetônica e a beleza dos vitrais.

Antes da Catedral, o local era ocupado pela Antiga Sé, construída em 1854 e demolida em 1938, por problemas estruturais. Outra instituição que merece destaque na religiosidade da cidade é o Seminário da Prainha. Fundado em 1864, ele impulsionou a influência da Igreja na região, tendo como graduado ilustre o padre Cícero Romão Batista.

Artesanato cearense à venda na Feirinha da Beira Mar Foto: André Salgado

Rota comercial

Pela manhã, o Centro de Fortaleza é a principal rota de desenvolvimento do comércio do Estado, seja formal ou informal, de acordo com a Federação do Comércio do Estado do Ceará (Fecomércio). São mais de 300 mil pedestres que lotam o espaço diariamente.

Fortaleza nasceu como terra de comércio. Se a cultura do algodão floresceu no interior e fez de Aracati e Icó importantes cidades no século XIX, a cidade de Fortaleza se desenvolveu a partir da localização de praia à custa do comércio, a priori.

Fortaleza não era cidade rica. “Aracati teve muito mais opulência financeira. Ela (Fortaleza) só vai crescer mais tarde, com o Porto do Mucuripe. O pouco que foi constituído na segunda metade do século XIX sofreu muita destruição”, atesta o doutor em sociologia pela Universidade Federal do Ceará (UFC), Rosendo Amorim.

Dos pequenos comércios, que forneciam o básico para a sustentação, como a farinha, o milho, a carne seca até o desenvolvimento das grandes lojas e centros comerciais, o Ceará passou por grandes transformações.

Características gerais como relacionamento fácil e simpatia são quesitos que o professor José Borzacchiello atribui para a propensão do fortalezense ao comércio. “O trabalhador do Ceará tem uma tendência enorme e capacidade de transformar a dureza em sobrevivência. Exemplo disso é a palha transformada em produtos artesanais. Pelo sofrimento com a seca, por ser um povo errante que faz espécie de diásporas, o cearense é comparado ao povo judeu”, analisa.

Pela proximidade do mar da cidade com a Europa, o primeiro porto de Fortaleza, segundo Borzacchiello, passou a receber vários artigos para serem vendidos nas diversas casas comerciais. A principal delas foi a Casa Boris, criada em 1870. Com a industrialização dos anos 1940, de acordo com o professor, o comércio de artigos importados e também de artesanais não demorou muito para se tornar uma das principais atividades econômicas na cidade.

“E até hoje Fortaleza é uma cidade do comércio, de grande entreposto comercial. É um centro de distribuição para o sertão cearense, atingindo o Rio Grande do Norte, o Piauí e parte do Maranhão”. O Mercado Central e a Emcetur são lugares conhecidos em todo o País pela venda de artigos de artesanato e comidas típicas. Mas a cidade também tem, como fonte de economia, o comércio popular e grandes shoppings centers.

O diretor do Fecomércio, Maia Júnior, reafirma a vocação do Centro como área de Comércio. “O Centro é local prioritariamente de comércio, recolhe cerca de 5,6% de ICMS (Imposto sobre a Circulação de Mercadorias e Serviços) do Ceará. O negócio aqui é business, business, business”, aponta. São negócios que empregam cerca de 65 mil trabalhadores formais.

O Professor explica

Na história brasileira existem alguns surtos industriais. O primeiro foi a Era Mauá, de 1850. O segundo foi durante a Primeira Guerra Mundial, de 1914 a 1918. Para muitos, outro momento significativo foi no tempo do governo nacionalista de Vargas, entre 1930 a 1945.